Uma iniciativa conjunta das Forças Armadas e diversos órgãos federais pretende reduzir a falta de informações cartográficas de uma área de 1,8 milhão de km² da Amazônia Legal. O Projeto Cartografia da Amazônia promete atualizar e concluir as cartografias terrestres, geológicas e náuticas da região até 2018. O mapeamento permitirá o reforço das ações de defesa na faixa de fronteira e a segurança da navegação pelos rios da Amazônia.
Balanço do Projeto | |
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Cartografia Náutica: foram concluídas 115 cartas náuticas entre novas ou atualizadas. Juntas representam aproximadamente 12.000 km da bacia Amazônica, que tem 22.000 km. A previsão é de uma produção de mais 41 cartas entre 2015 e 2018. | |
Cartografia Geológica: foram realizados levantamentos aerogeofísicos de 570 mil km², e 29 folhas de mapeamento geológico que somam 477 mil km². Outros cinco aerolevantamentos de uma área de 277 km² estão sendo concluídos. | |
Cartas Terrestres: foram geradas 1.087 cartas. Dos 1.800.000 km² a serem monitorados por aeronaves, 1.142.000 km² foram sobrevoados, sendo 902.180 quilômetros quadrados já processados (80% dos dados). No final de 2016, o Exército prevê a entrega de todos os produtos. Em 2016, o Exército Brasileiro voará mais 350.000 km² de área de floresta. | |
Fonte: Censipam |
O diretor-geral do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Rogério Guedes Soares, explicou que havia uma espécie de "vazio cartográfico" da Amazônia. Dos 5,2 milhões de km² da Amazônia Legal, 1,8 milhão de km² não tinham informações cartográficas do padrão considerado adequado. Da área total são 1.644.600 km² são de área de floresta e 155.400 km² de área de não-floresta. O Projeto Cartografia da Amazônia deverá reduzir esse déficit.
"Temos um vazio cartográfico, que é exatamente o vazio de informações da parte de navegação, geológica e terrestre para utilização mais adequada da região. Nesse projeto a gente atualiza as informações e coloca em um padrão mais adequado", esclareceu.
O projeto prevê atualização e conclusão das cartografias terrestre, geológica e náutica dos 35% da Região da Amazônia sem informações na escala de 1:100.000. Até o final do projeto 1,8 milhão de km² estarão cartografados na escala de 1:50000, que seria melhor do que a planejada, propiciando mais qualidade e precisão cartográfica, de acordo com o Censipam.
Necessidades
Pelo projeto foram construídos cinco navios para a Marinha realizar a cartografia náutica fluvial permanentemente.
"A atualização contínua das cartas náuticas são fundamentais para a segurança da navegação, pois os rios estão em constante movimento, provocando alterações no seu curso. É através das hidrovias que são escoadas mais de 95% das exportações da região. Constantemente são transportados produtos como: caulim, celulose, bauxita, soja, fertilizantes, petróleo, GLP [Gás Liquefeito de Petróleo] e dos produtos eletroeletrônicos, automotivos, óticos, químicos, termoplásticos e metalúrgicos da Zona Franca de Manaus", comunicou o Censipam.
Com os levantamentos, a segurança da navegação para os navegantes, passageiros e cargas deve ser ampliada na Amazônia. "Com relação à navegação existe uma necessidade de atualização regular das cartas para verificar profundidade e leitos, que são dados úteis para navegação na região", comentou Rogério Guedes.
Segundo Censipam, as informações cartográficas terrestres e geológicas auxiliam no conhecimento da Amazônia, no monitoramento de segurança e da defesa nacional, especialmente as áreas de fronteiras.
"As cartografias também têm auxiliado a região no planejamento e execução de projetos de infraestrutura como: rodovias, ferrovias, gasodutos e hidrelétricas; demarcação de áreas de assentamentos; mineração; agronegócio; elaboração de zoneamento ecológico e econômico; ordenamento e segurança territorial; escoamento da produção; e desenvolvimento regional", ressaltou o coordenador do projeto.
Operação de guerra
O projeto estava previsto para ser concluído no início de 2015. Entretanto, o prazo foi adiado e a conclusão deve ocorrer em 2018. Até o momento, o projeto já atingiu 71,14% das suas metas físicas e 67,35% de suas metas orçamentárias. Isso significa que já foram executados 14.289 produtos cartográficos de 20.227 previstos. Foram investidos de R$ 237.122.524,00 dos R$ 333.090.684,65 previstos.
"Percebemos que o projeto era muito mais complexo do que foi idealizado. A organização do projeto era semelhante a uma operação de guerra para chegar aos pontos marcados para as aeronaves que fazem o levantamento com radar. Entramos em áreas onde antes nunca se tinha entrado para fazer esse trabalho. São áreas muito remotas", justificou o diretor-geral.
Divulgação
Todo o material cartográfico será disponibilizado nos portais Diretoria de Serviço Geográfico (DSG) e da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) e do CPRM. O Censipam também trabalha na criação de banco de dados para colocar alguns produtos no site do órgão.
As ações do projeto começaram em 2008 e têm como foco os estados do Amapá, Amazonas, parte do Acre, Maranhão, Mato Grosso, Pará e Roraima. O projeto é coordenado pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) e tem como executores a Marinha, o Exército, a Aeronáutica e o Serviço Geológico do Brasil (CPRM).